O que estudar na faculdade?

Futuro. Tal palavra resume o pensamento de alunos que estão prestes a fazer parte do processo seletivo de uma faculdade no Brasil, nos Estados Unidos ou em qualquer outro país que seja. Atualmente, sou um, de inúmeros formandos, que se encaixa no perfil acima. Assim, posso dizer que somos constantemente bombardeados por avisos sobre a importância da escolha de uma vocação, através de fontes que nos influenciam altamente, como a imprensa, escola e família.

 

Por meio dessas influências, há um consenso de que a vocação a ser estudada na faculdade irá traçar o restante das nossas vidas. Porém, este não leva em conta a natureza dinâmica e alterável da sociedade, pois, com o decorrer do tempo, as pessoas, oportunidades, estruturas, tendências, perspectivas e entre outros fatores da sociedade passam por mudanças. Ou seja, “muita coisa pode mudar pelo caminho”, mesmo após a seleção de um ramo, como posto por Andréa Godinho de Carvalho Lauro, orientadora vocacional do Colégio Vértice. Portanto, ao desconsiderar essa realidade social, a população parte para uma concepção didática e equivocada sobre a escolha profissional.

 

Fora isso, muitos, especialmente pais, entendem que existam carreiras mais lucrativas e benéficas – como as de médico e advogado – do que outras em todos os momentos. Assim, segundo o senso comum, esses cargos anteriormente mencionados supostamente agregam mais prestígio e valor à reputação de um indivíduo, por serem notadas pela presumível importância e por alta remuneração, logo, devem ser vistas como as únicas possibilidades profissionais viáveis. Ao partir para esse consenso errôneo, a população adulta restringe as opções disponíveis através de uma rejeição evidente contra as vocações consideradas menos benéficas.

 

Para melhor lidar com a decisão vocacional, o aluno deve, primeiramente, ter consciência desses consensos equivocados. Porém, não basta enfrentar a escolha de uma área de estudo com somente a percepção do senso comum retratado acima. Por isso, sendo um estudante tendo que enfrentar tal situação brevemente, decidi ir à procura de informações para melhor lidar com essa difícil decisão. Abaixo estão as principais dicas, algumas das quais procuram romper os consensos mencionados anteriormente:

 

 

  • Conhecer-se melhor / Ser reflexivo.

 

Tal sugestão aparenta-se ser algo óbvio para muitos. No entanto, ela deixa de ser óbvia, quando alunos se deparam com a dificuldade de se identificar com um possível curso a ser almejado, devido a uma falta de autoconhecimento. Saber claramente suas preferências, características, potencialidades e dificuldades servem como um grande auxílio para escolher uma área de estudo na faculdade. Por isso, escolas disponibilizam maneiras de facilitar a vida dos alunos, os quais buscam se conhecer, como, por exemplo, por meio de testes vocacionais. Além do mais, para criar este tipo de conhecimento, refletir e perguntar-se são realizações mais do que recomendadas para jovens no processo de autoconhecer-se.

 

Entretanto, o autoconhecimento nem sempre ocorre por meio de uma simples reflexão. Ela pode ser criada por meio de experiências em ramos desconhecidos pelo indivíduo, por exemplo, em estágios, simulações de profissões e cursos. Inclusive, algo comum entre alunos de colégios internacionais é, durante as férias, participar de cursos extracurriculares relacionados à alguma vocação, mais conhecidos por summer courses.

 

  • Aspirar desejos próprios e permitir-se a dúvidas.

 

“Filho(a), siga uma profissão na área da medicina.”

“Estude engenharia na faculdade.”

“Administração permite tantas áreas de atuação.”

As falas clichês acima exemplificam o consenso, associado à classificação de vocações, retratado anteriormente. Aliás, esses discursos consensuais partem da suposição de que o aluno não possui ideia alguma sobre seu futuro e, por isso, precisam assumir ambições alheias. Assim, há uma impressão de que o jovem deve rejeitar tais conselhos. Contrariamente, o estudante pode permitir-se a escutar e a considerar tais consensos e, depois, determinar se elas dialogam com seus próprios desejos.

 

Mas se a pessoa ainda não souber o que ela deseja? Isso não é problema. Pode-se ir atrás de sugestões que outros têm a oferecer. Entretanto, lembre-se de não as considerar como opções irrefutáveis, nem de alimentar o consenso demonstrado por tantos adultos.

 

 

  • Seguir um interesse primeiro.

 

Uma das recomendações mais famosas sobre a seleção vocacional percorre algo entre as linhas de “siga sua paixão”. No entanto, seguir uma paixão logo após formar-se do ensino médio pode ser visto como algo ilusório para alguns, pois, cria-se a paixão através de um interesse precedente. Logo, considera-se a paixão como algo que a pessoa descobre com o passar do tempo. Ou seja, ao investir em um pequeno interesse, podemos, pouco a pouco, desenvolver uma paixão e seguir um ramo específico.


Com aqueles com os quais pude conversar, muitos não se lembram de quando começaram a ter uma vida repleto de sucesso. Porém, lembram que o resultado da vida deles não foi uma consequência direta de uma decisão vocacional. No entanto, foi o fruto de um processo de aprofundamento e de desenvolvimento de preferências, de habilidades e de interesses próprios.

 

Lembre-se que as dicas acima são apenas meios de nortear alunos encarando a difícil tarefa de escolher um curso a ser estudado na faculdade. Por isso, espera-se que o aluno as considere de forma dialógica, rompendo os consensos apontados anteriormente.

 

(Sources: Abril, Princeton Review)